ATA DO VI SEMINÁRIO DO FÓRUM DE EDUCAÇÃO DO CAMPO DO RECÔNCAVO E DO VALE DO JIQUIRIÇÁ: REALIDADES, CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO DO CAMPO. BICHO DO MATO1
Aos treze dias do mês de novembro de dois mil e quinze, às oito horas, no auditório do Centro de Artes Humanas e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cachoeira-Bahia. Realizou-se o VI Seminário do Fórum de Educação do campo do Recôncavo e do Vale do Jiquiriçá: Realidades, Contradições e Possibilidades da Educação do Campo, com o Tema: A política de Educação do Campo no Recôncavo e no Vale do Jiquiriçá, caminhos e descaminhos. Mário Jorge, que presidiu os trabalhos junto com Pedro Melo, coordenador do fórum, e secretariado por Leidinalva Caldas. A abertura do seminário foi feita por um grupo de dança, onde fizeram demonstrações de sua cultura. Em seguida, o presidente anunciou representantes de entidades e movimentos para compor a mesa. Sendo eles: Pedro Melo, coordenador do Fórum de Educação do Campo, onde traz um pouco sobre o a importância do compromisso desse movimento para a valorização dos sujeitos de direito; Também estava presente o representante da Pastoral da Juventude Alfredo Junior, onde trata da relevância da juventude e da educação do campo nesse processo atual, fechando sua fala com uma poesia feita por uma moradora do município de Maragogipe, onde retrata um pouco da cultura camponesa. Em sequência, o professor Ângelo Marques, representando as escolas do campo de Cachoeira, mencionou sobre a Pedagogia Histórico-Crítica, como teoria em defesa da educação do campo; Também presente na mesa Evanildes, representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Governador Mangabeira, ressaltando os debates ocorridos para a educação do campo; como representante do Conselho Quilombola, Ananias, saúda a todos e fala da luta da educação do campo dos jovens da comunidade Quilombola, como uma conquista, que estão chegando até as universidades; Também a professora Valdiria Rocha, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que frisa a importância da parceria entre as Universidades, prefeituras, movimentos, enfim, como grande apoio nessa conquista; Estava presente Ana Cristina, secretária de assistência social; Lourival, chefe do gabinete, onde ressalta a importância do papel dos pais nos ensinamentos e valores que devem ser
1 Poesia recitada Alfredo Junior, Coordenador da Pastoral da Juventude do Recôncavo, por ocasião do VI Seminário de Educação do Campo do Recôncavo.
2 Membro do Grupo de Base Juventude em Busca da Luz, comunidade do campo, Município de Maragogipe - Bahia.
adquiridos, bem como o papel do professor no processo de educação; O Ouvidor do Estado da Bahia, Yulo Oiticica, dando parabéns pela iniciativa, e frisa a necessidade do acesso aos conhecimentos para a classe trabalhadora e para a educação do campo. Onde também traz uma citação, de Paulo Freire “ As respostas de cada um estão em suas mãos” e com isso deixa a reflexão; O Secretário de Educação Alessandro Rocha, saúda a todos e em nome de todos os representantes de diferentes cargos e movimentos socais agradece pela contribuição e ainda ressaltou a relevância da luta pela educação do campo, a valorização do conhecimento sistematizado, relacionando com a Pedagogia histórico-crítica, referenciando Saviani. Levando em consideração as especificidades da educação do campo, a necessidade de estar fortalecendo essa luta para que haja mudança. Que essa mudança parta da base, ou seja, a partir do conhecimento, formação de professores, enfim. Após desfazer a mesa, o presidente cedeu espaço a Pedro Melo que fez um breve comentário a respeito do fórum de educação do campo, como foi a partir das ações da turma Piloto de Licenciatura, UFBA e a turma de especialização em Educação do Campo, UFRB, em abril de 2012, dentro do 1º seminário REALIDADES, CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO DO CAMPO. Nestes tempos de lutas 13 cidades destes territórios já tiveram alguma ação do Fórum de Educação do Campo um marco na luta por Uma Política de Educação do Campo, em tempo, agradece a todos pela presença e pela decisão política de participar. Em sequência, convida a palestrante Prof.ª Dr,ª Celi Taffarel, Coordenadora do grupo de educação e pesquisa de Educação do Campo da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A mesma inicia saudando a todos (as), reconhecendo o esforço, carinho e atenção, enfim, ressalta também que a partir do debate proposições e iniciativas sejam tomadas. Ainda, justifica a ausência do Prof.º Josué, que apresentaria os dados da escola do campo. A palestrante apresenta a seguinte proposição: A questão da formação dos trabalhadores da educação; Como está acontecendo à formação de professores; A importância da valorização do magistério no trabalho pedagógico. No entanto, o objetivo é mostrar a gênese da educação do campo e reconhecer toda a trajetória dos povos do campo, onde eles vivem, de onde vêm? Pois, eles vêm de acampamentos, fundo de pastos, indígenas, enfim. Que educação é essa que esta sendo educadas estas crianças? Diante dessas inquietações, a professora Celi Taffarel ainda ressalta que a Bahia é um lugar que permite formar pessoas para se apropriarem de conhecimentos para desenvolver a formação humana e não voltar para o tempo da “caverna”. Pois devemos ficar atentos qual a formação que as universidades estão oferecendo, porque os dados mostram que a escola está esvaziada de conteúdos. Salientou sobre a evasão escolar quando o aluno sai sem ler e escrever, o problema não é do professor, mas sim, é um problema político. Para a Prof.ª Celi, o problema da Educação está no fato de que não nos ensinaram sobre Reforma Agrária, sobre Meio Ambiente, sobre Direitos da Terra, e sobre direitos dos trabalhadores. Ela traz três pontos fundamentais para a construção do ser humano: primeiro, Das leis físicas; segundo das leis biofísicas e por fim, das leis sócio-históricas. Ainda cita os principais problemas das escolas do campo e suas causas. Na sequência, trouxe dados da ingressão dos jovens na atualidade e a exploração do capitalismo. Por isso é preciso entender a lógica da formação do capitalismo para entender porque o povo não está aprendendo a ler nas escolas, porque o conhecimento está sendo negado? Então, dentro dessa lógica está o agronegócio que invade as escolas e mantém seu modelo precário. Ressalta ainda, que, estamos vivendo uma fase da destruição das forças produtivas e diante disto, é preciso pensar em formação de professores que eduque a classe trabalhadora. Destacou sobre os dois ministérios: o Ministério do Desenvolvimento agrário (MDA) e o Ministério da
Educação (MEC). Sendo que eles atuam no campo, com o programa PRONERA e cabem às secretarias, conduzir o processo da educação do campo. Apresentou dados do Plano Nacional de Educação (PNE), onde em dez anos, pelo menos cinquenta por cento dos professores tem que ter o título de mestrado. Bem como dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário em relação aos cortes que houve e irá atingir todos os setores. Diante disso, frisa que nessa conjuntura, existem três tipos de Escola: as financiadas pelo Agronegócio; as esvaziadas de conteúdos e a Escola Revolucionária. Pois, essas são as que compreendem que precisam dar um contraponto. A escola do campo é aquela que vai elevar a formação do indivíduo do campo, sendo que a mesma deve desenvolver as funções superiores da aprendizagem, da psiqué humana, do intelecto. Enfim, precisa-se ir para a escola para entender o que realmente o que está acontecendo com a sociedade e sermos capazes de explicar isso. Pois, sabe-se que o plano Nacional de Educação está em contradição com a realidade da conjuntura atual, diante da situação, a Profª Celi encaminha tarefas que exigem que se pense em outro projeto de sociedade e se não houver isso, estamos no período de transição. Sendo então: Tarefa da juventude (estudar); tarefas dos professores (elevar a capacidade de ser humano apropriar dos conhecimentos acumulados pela humanidade); tarefas das universidades; tarefas dos movimentos sociais (politizar as lutas); tarefas do sindicato; do município; do governo estadual e federal. Diante disso, ela trouxe as contribuições da Pedagogia Histórico-Crítica (PHC) e da Psicologia Histórico Cultural, para assim, entender o desenvolvimento do ser humano. Retomou as pedagogias não críticas e a PHC, e afirmou se quiséssemos valorizar a classe trabalhadora temos que ter: Consciência de classe; Consistência base teórica; Formação política e Organização revolucionária. Assim, a palestrante encerra sua exposição e abriu espaço para debate. Vários foram os questionamentos pelos participantes do evento, nos quais a Professora Celi Taffarel, faz uma síntese geral das falas. Sua primeira colocação como primeiro ponto crucial: Os Desafios! Fazer avançar um currículo que contemple um conhecimento clássico sobre a agricultura camponesa e o agronegócio; A questão da formação continuada e o fechamento das escolas do campo. Pois, precisamos estar organizados e conduzir as novas gerações às bandeiras de lutas e isso só será possível se houver mobilização. Segundo ponto: O currículo da escola do campo não pode ser diferente da escola da cidade, pois um currículo tem que ter elementos capazes de dominar os conhecimentos clássicos. Se não, vai-se desfavorecer a classe trabalhadora. Terceiro ponto: reporta-se ao menor grau de organização na classe trabalhadora. É preciso nos organizar e saber qual o nosso desafio para com a educação do campo. Qual o nosso papel enquanto professores militantes desse processo de democratização da educação do campo. E para finalizar, Celi, levanta pontos fundamentais do capitalismo, como as drogas, a violência, pornografia, e outros. Só elevando o conhecimento e lutando pela classe trabalhadora que iremos acabar com isso! Assim, a palestrante agradece a todos e finaliza sua exposição. Pedro Melo encerra as atividades da manhã, fazendo uma breve avaliação. A tarde é iniciada com a Profª Mestra Olgalice Suzarte, Mestre em políticas públicas, Especialista em planejamento em gestão em educação. Onde saúda a todos e fala da satisfação que é conterrânea da cidade heróica, Cachoeira! E em sua fala, ressalta um pouco de sua vida acadêmica, onde um de seus projetos de pesquisa trata das classes multisseriadas. Diante disso, Prfª Olga apresenta o tema de sua palestra: As demandas reais no campo, dados referenciais para a politica de educação do campo (dados do PRONACAMPO). Na sequência, apresenta o Programa Escola da Terra (em slides). Ainda traz uma citação de Fernando Pessoa, “Tantas vezes pensamos ter chegado, tantas vezes é preciso ir além”. E diante dessa
citação faz um breve comentário a respeito. Na sequencia, a mesa é composta pelos seguintes representantes: Manoel Cruz Filho, Pedagogo, que agradece a oportunidade de apresentar o projeto “A Rede” e faz exibição de fotos e vídeos a respeito de sua realização; A Prof.ª Rosa fala sobre o núcleo de escolas do campo com o projeto citado, e explicou o porquê desse termo e seus objetivos e metas; Marly dos Santos, coordenadora Pedagógica de Laje, que fez um breve histórico do processo de formação do núcleo em Educação do Campo; Tiago Bispo Silva, estudante do curso de pedagogia do PAFOR, que faz a apresentação do projeto; e por fim, Rosely Costa, diretora do Núcleo de Educação do Campo de Laje, enfatizou um breve histórico de seu trabalho no município, no processo de formação em educação do campo, frisando a importância da harmonia entre um grupo de trabalho. Encerrando assim sua fala com a frase: Educação do campo é direito nosso, dever do Estado! Para finalizar, a Prof.ª Olga faz uma comparação da experiência apresentada com o método da Pedagogia Histórico- Crítica, com os resultados da Provinha Brasil e ressalta que o problema não esta nas classes multisseriadas! Na sequencia, abre espaços para perguntas, alguns questionamentos são levantados e sanados pelos componentes da mesa. Diante disso o Secretário de Educação do município ressalta a importância do evento e da formação continuada dos professores, pedindo apoio das Universidades e Fórum de educação do campo, e agradece a todos pela participação. Assim, Pedro Melo encaminhamento as propostas que tem acordo da Plenária, sendo elas: 1 - Garantia de apoio e financiamento aos Cursos e aos Alunos dos cursos de licenciatura em educação do campo das Universidades Federais e Estaduais de nosso Estado; 2 - Consolidar a política de educação nos municípios, criando os departamentos de educação do Campo e promover concursos públicos para esta área; 3 - Garantir o pagamento por parte, dos Municípios e Estado da Bahia, do piso salarial nacional; 4 - Ampliar e garantir o Programa Escola da Terra na Bahia, bem como seu financiamento e formação de Especialista em Pedagogia Histórico Critica, considerando a questão agrária e as contribuições de Paulo Freire para Educação pública brasileira. 5 - Construir e reformar as escolas "do no" Campo, impedindo de todas as formas Legais seu fechamento; 6 - Possibilitar a participação da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), nos Fóruns Nacional, Estadual e Territorial de educação do Campo; 7- Garantir pelo Estado e Municípios Concursos Públicos para os Licenciados em Educação do Campo e Pedagogia da Terra; 8 - Garantia do Financiamento do Pibid - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência e do Plano Nacional de Professores (PARFOR), possibilitando assim, a formação de professores e ampliação da gratuidade na educação pública; 9 – Criar e garantir cursos de Pedagogia com ênfase em Educação do Campo, para atender as necessidades dos anos iniciais do ensino fundamental para as escolas do campo; 10 - Sobre a Base Comum Nacional o Posicionamento do Fórum é: Defendemos o que é nuclear, o que é essencial, o acesso ao conhecimento histórico acumulado pela humanidade, ao mais elaborado ao campo da ciência das artes, da filosofia, da educação física e da tecnologias. Diante disto, encerra o Seminário convocando à frente todos os membros que fazem parte do grupo de coordenação e do movimento do Fórum de educação do campo do Recôncavo e no Vale do Jiquiriçá, bem como participantes da plenária, perguntando-lhes, quem gostaria de passar a integrar o grupo para ampliar o número de envolvidos, levantaram-se algumas pessoas, e assim finalizou o evento. Nada mais a tratar, o presidente do Fórum agradeceu a presença de todos e deu por encerrado o seminário o qual eu, Leidinalva da Silva Gonçalves Caldas, secretariei e registrei a presente ata, que, após lida e aprovada, segue acompanhada da lista de frequência dos demais participantes. Cachoeira, 13 de novembro de 2015.
Presidente
Secretária
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