VIII SEMINÁRIO DE EDUCAÇÂO DO CAMPO: REALIDADES, CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES
No dia 27 de abril de 2017, o Fórum de Educação do Campo do Vale do Jiquiriçá, realizou o VIII seminário de educação do Campo, realidades, contradições e possibilidades. O VIII Seminário contou com a palestra da professora com a Professora Priscila Brasileiro, que destacou a importância de resistir e lutar para juntos com os Movimentos Sociais.
No seminário os Movimentos Sociais, Educadores, Militantes, poder público e a Juventude trabalhadora, redigiram uma carta aberta, que já foi entregue ao Coordenador do Curso de Educação do Campo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, foi entregue também ao Secretário de Educação do Município de Elizio Medrado e Também coordenador Estadual da UNDIME Bahia, professor Williams Panfile, buscando apoio dos responsáveis para que as propostas sejam discutidas e implantadas nos Territórios do Recôncavo e do Vale do Jiquiriçá. A carta Aberta de reivindicação será entregue as Secretárias de Educação dos Municípios , a Coordenação Estadual de Educação do Campo e na Universidade Federal da Bahia. Segue o Teor da Carta:
FÓRUM DE EDUCAÇÃO DO CAMPO DO RECÔNCAVO
E VALE DO JIQUIRIÇÁ-BA
CARTA
ABERTA E DE REIVINDICAÇÃO
“Não vou sair do campo
Pra poder ir pra
escola
Educação do campo
É direito e não
esmola”
Gilvan Santos
O Fórum Territorial
de Educação do Campo do Recôncavo e Vale do Jiquiriçá, vem através desta carta
levantar as demandas do VIII Seminário Territorial de Educação do Campo do
Recôncavo e do Vale do Jiquiriçá, realizado em 27 de abril de 2017, são algumas
solicitações que, em conjunto com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
– UFRB, A Universidade Federal da Bahia - UFBA, ao Mestrado Profissional em
Educação do Campo - UFRB, estudantes, professores, as Licenciaturas em Educação
do Campo/Ciências Agrárias/Matemática e Ciências da Natureza - UFRB, e os
movimentos sociais e sindicais, foram resumidas nas seguintes pautas: 1) A
justificativa de órgãos responsáveis sobre o fechamento das escolas do campo,
pois sabe-se que estes fechamentos podem infligir a Lei 12.960, de 27 de março
de 2014, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB); 2) a volta
da Especialização em Educação do Campo da UFRB; 3) e que a mesma possa
dispor de espaços e condições para estágios e vivências discentes, 4) e de
concurso público para professores especialista em educação do campo; 5) Nova
turma, regular, da Licenciatura em Educação do Campo, na Universidade Federal
da Bahia.
Temos orgulho
da representação nesses espaços e da consistência com que defendemos as ideias
e propostas que decorrem do Fórum de Educação do Campo, das organizações
campesinas e todos os povos e comunidades tradicionais, que na sua essência
vislumbra um novo modelo de sociedade. A ocasião exige grande responsabilidade
histórica, e por isso o Fórum de Educação do Campo e os movimentos sociais e
sindicais, aqui representados, continuaram juntos para avançarmos nas
conquistas para todos os povos do campo e das comunidades tradicionais. É nosso
dever unir forças para buscar o não fechamento de escolas em espaços rurais e o
retorno da Especialização em Educação do Campo da UFRB, Nova turma,
regular, da Licenciatura em Educação do Campo, na Universidade Federal da Bahia, pois trata-se de demandas sociais e
uma urgência rumo a formas mais justas de trabalhar e do bem viver.
O
Fórum de Educação do campo do Recôncavo e Vale do Jiquiriçá é composto por Licenciados do Curso de
Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal da Bahia – UFBA e por
Licenciandos do curso de Licenciatura em
Educação do Campo da Universidade Federal do Recôncavo Bahia – UFRB, também por
estudantes de outras graduações oriundos do Recôncavo e do Vale do Jiquiriçá, também
membros dos movimentos sociais,
sindicais e organizações que trabalham em defesa da agricultura familiar,
camponesa e dos povos e comunidades tradicionais, pelo fortalecimento e
ampliação da educação que proporcione a construção e desenvolvimento de políticas públicas capazes de promover um
desenvolvimento do campo justo e sustentável a partir da educação específica
para os campesinos.
O
Fórum de Educação do Campo e as organizações e movimentos sociais, sindicais já
passaram por muitos ciclos e momentos históricos. Algumas organizações e
movimentos sociais existem há mais de 50 anos, e a maioria foi se construindo
após a reabertura democrática do Brasil no início dos anos 80. Sabemos que a
conquista de direitos depende de nossa capacidade de organização, e
continuaremos mobilizando, multiplicando experiências na educação como o curso
de Licenciatura em Educação do Campo na modalidade de Alternância, indicando e
exigindo dos governos mais direitos e políticas adequadas.
Sabemos
também que o papel do Estado é crucial na disputa de rumos para o país; é por
isso que temos a clareza que devemos unir nossas forças para derrubar o
fechamento das escolas em espaço rural e garantir uma melhor formação para
professores (as) educadores (as). A Educação do Campo, busca promover a
transformação da realidade sócio-política em uma perspectiva contra-hegemônica
tomando a educação como prática social, e instrumento de emancipação dos
sujeitos e superação da sociedade capitalista.
A
Educação do Campo busca o respeito aos costumes e aos modos objetivos e
subjetivos de ser e viverno campo, é voltada para os interesses populares, o
que significa uma educação transformadora, reconhecendo, legitimando a
identidade, os saberes e as manifestações culturais do povo do campo,
considerando que a educação é um direito social, previsto na Constituição
Brasileira.
Não
podemos esquecer que as discussões sobre Educação do Campo foram fortalecidas a
partir das experiências do MST, em especial na organização dos espaços públicos
de discussões, como o I Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (1997)
e a I Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo (1998). Na década
de 1990, vários estados organizaram projetos de Educação de Jovens e Adultos,
acumulando experiências para a elaboração do Programa Nacional da Educação na
Reforma Agrária (1998). A realização da I Conferência Nacional por uma Educação
Básica do Campo fortaleceu o processo de inserção da Educação do Campo na
agenda política. O lançamento do Programa Nacional da Educação na Reforma
Agrária, em 1998, demonstra o fortalecimento da educação do campo na política
educacional; demonstra a força dos movimentos sociais, conquistada pelo acúmulo
de experiências e conhecimentos na área. Outro aspecto importante foi a inserção
da educação do campo na agenda política e na política educacional a partir da
LDB 9394/96, ao afirmar, em seu artigo 28, a possibilidade de adequação
curricular e das metodologias voltadas para o campo; flexibilização e
organização escolar, com adequação do calendário escolar.
A Educação
do Campo é uma concepção de educação, que se vincula a questão agrária, com a
defesa do campo com gente, com produção agroecologica, ação política, por
compreender que proporciona formação libertadora para o povo, com a expectativa
que seja protagonista de suas histórias. Este processo aponta à educação
escolar vinculada a pedagogia, do movimento, do oprimido, socialista e
histórico critica como instrumento de luta contra o capital, superando o modelo
atual.
Com
o atual cenário político de perdas de direitos que o país atravessa o povo do
campo continua na linha de frente lutando para impedir o fechamento das escolas
do campo e exigindo a reabertura e o fortalecimento imediato das escolas
fechadas, respeitando o quantitativo de alunos e alunas por sala de acordo com
a legislação. Que seja assegurado o direito previsto na LDB e ECA em relação as
crianças e adolescentes, garantindo o estudo próximo ao local de moradia além
da criação de mecanismos de acompanhamento das leis estabelecidas para educação
do campo.
A
permanência da interiorização das universidades públicas, fortalecer e ampliar a
implantação das Escolas com Pedagogia da Alternância como instrumento para
formação e capacitação, fortalecimentos das EFAS – Escolas Famílias Agrícolas.
Reafirmar a necessidade de manter nas diretrizes e processos educacionais as
orientações para a valorização e respeito à diversidade sexual e superação das
desigualdades de gênero. Contribuindo para o resgate e fortalecimento das
identidades locais, enfatizando seu poder de criação e transformação da
realidade. É a educação que mantém viva a memória de um povo e dá condições
para sua sobrevivência e transformação do mundo social e de si mesmo.
Seguiremos
sempre críticos, vigilantes e engajados com as diversas bandeiras da luta
popular. Assinam esta carta os parceiros listados seguir que apoiam o projeto
de criar espaços de formação e informação para os interessados em educar-se e
qualificar-se em espaços que instrumentalizem os sujeitos com criticidade e consciência
global da realidade, a saber: CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores
na Agricultura, FETRAF Brasil –
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar,
CONAQ – Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas, MPA – Movimento dos
Pequenos Agricultores, MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,
CESOL – Centro Público de Economia Solidária do Recôncavo, GAIA – Grupo de Ação
Interdisciplinar em Agroecologia, CETEP – Centro Territorial de Educação
Profissional do Recôncavo e CODETER –
Colegiado do Território de Identidade do Recôncavo da Bahia. Secretaria
de Agricultura e Meio Ambiente de Cruz das Amas – Pastoral da Juventude do
Recôncavo – Câmara Técnica de Educação do Campo do Recôncavo.
Cruz das Almas,
Bahia, 27 de abril de 2017.
Educação do Campo
Direito nosso dever
do Estado...
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